HomePerguntas e RespostasQuem eram os Fariseus na Bíblia e quais as suas Doutrinas?

Quem eram os Fariseus na Bíblia e quais as suas Doutrinas?

No período que precedeu a guerra dos macabeus, surgiu um grupo religioso judaico chamado fariseus. Eles se opunham fortemente aos costumes helenísticos, buscando resistir e fazer oposição a eles através da estrita observância da Lei de Moisés.

Acreditavam que a Lei oral, transmitida pelos líderes da sinagoga, devia ser honrada com rigor, superando até mesmo a importância da Lei escrita. Em virtude disso, praticavam uma observância meticulosa das tradições religiosas.

Significado da palavra fariseu

“Fariseu” deriva do verbo hebraico “parash”, que significa “dividir” ou “separar”. Portanto, o termo “fariseu” provavelmente se refere a um “povo separado” ou “separatistas”, indicando sua tendência de manter-se afastados da sociedade e das tradições que consideravam impuras. Essa interpretação é reforçada pela observação de sua estrita observância da Lei de Moisés e pelo fato de que eles mantinham distância dos líderes religiosos rivais, como os saduceus.

Origem dos fariseus

A origem dos fariseus tem sido alvo de muitas discussões entre os estudiosos, e várias teorias têm sido propostas. No entanto, a mais aceita é a que sugere que o grupo tenha surgido no período anterior à guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e se opor aos costumes helenísticos. Para tanto, adotaram uma observância rígida da Lei de Moisés. É provável que tenham se inspirado nos “hasidins”, conhecidos como os “piedosos”, que podem ter sido seus precursores.

Os ensinamentos dos fariseus

A observância rigorosa da Lei, tanto escrita quanto oral, era uma característica distintiva dos fariseus. Eles davam muita importância ao dízimo e à observância do sábado, chegando a extremos para evitar qualquer tipo de trabalho. Por exemplo, alguns afirmavam que era permitido engolir vinagre, mas não fazer gargarejo, caso a garganta estivesse irritada num sábado, já que isso poderia ser considerado uma forma de trabalho.

A crença dos fariseus englobava uma série de doutrinas, entre elas a convicção de que Deus exercia soberania sobre os decretos divinos, e que os homens eram responsáveis por suas ações. Eles também acreditavam na imortalidade da alma, na existência de espíritos e na ressurreição do corpo. Além disso, os fariseus seguiam a doutrina da retribuição, acreditando que as punições e recompensas eram reservadas para a vida futura, em conformidade com o comportamento presente.

Os fariseus no tempo de Jesus

Durante o tempo em que Jesus esteve na Terra, os fariseus eram conhecidos por sua hipocrisia e orgulho. Embora tivessem uma doutrina correta em muitos aspectos, impunham sobre o povo um peso esmagador de religiosidade, que nem mesmo eles eram capazes de suportar. Isso porque possuíam uma compreensão distorcida em relação à justificação pelas obras.

Jesus criticou duramente o farisaísmo por causa de sua hipocrisia e orgulho. Ele os chamou de “sepulcros caiados”, porque aparentavam ser bons por fora, mas por dentro estavam cheios de hipocrisia e maldade (Mateus 23:27). Para Jesus, eles eram cegos guiando outros cegos (Mateus 15:14; 23:13-15).

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Embora os fariseus mantivessem sua postura doutrinária, é interessante notar que alguns deles nutriam certo respeito por Jesus. Um exemplo notável é o fariseu Nicodemos, que, segundo os registros, pode ter se tornado um seguidor de Jesus (João 3; 19:40). No entanto, em sua maioria, os fariseus tiveram um papel fundamental na conspiração contra a vida do Senhor.

No Talmude, há uma classificação dos fariseus em diferentes grupos, distinguindo aqueles que apresentavam falsa humildade e buscavam destacar suas boas ações para os outros, daqueles que demonstravam sinceridade em seu amor por Deus. É interessante notar que a própria obra apresenta essa divisão, ressaltando que nem todos os fariseus compartilhavam das mesmas motivações e atitudes.

Personagens importantes entre os fariseus

Gamaliel era um mestre fariseu que aparece no Novo Testamento como um líder respeitado e sensato. Ele aconselhou os líderes judeus a terem cuidado ao lidar com os apóstolos de Jesus e permitiu que o apóstolo Paulo falasse em sua defesa diante do Sinédrio (Atos 5:34-40; 22:3).

Paulo de Tarso, antes de sua conversão ao cristianismo, era um fariseu zeloso, que perseguiu a Igreja e ajudou a perseguir e matar cristãos. No entanto, após sua conversão, tornou-se um grande apóstolo de Jesus, escrevendo grande parte do Novo Testamento.

Nicodemos foi um fariseu que veio visitar Jesus à noite para saber mais sobre Ele. Ele reconheceu que Jesus vinha de Deus, mas não teve coragem de defendê-lo abertamente diante dos líderes religiosos (João 3:1-21).

Fariseus após a morte de Jesus

Após a morte de Jesus, os fariseus continuaram a desempenhar um papel importante na vida religiosa e política dos judeus.

No livro de Atos, encontramos vários relatos de conflitos entre os apóstolos e os fariseus. Por exemplo, em Atos 5:17-42, os apóstolos foram presos pelos líderes religiosos, que eram principalmente fariseus. Mais tarde, em Atos 15:5, alguns fariseus argumentaram que os gentios precisavam se circuncidar e seguir a Lei de Moisés para serem salvos, o que foi refutado pelos apóstolos.

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No entanto, nem todos os fariseus se opuseram ao cristianismo. Por exemplo, no livro de Atos, Gamaliel, um fariseu respeitado, aconselhou os líderes religiosos a não perseguirem os apóstolos, afirmando que se o movimento cristão não fosse de Deus, não duraria (Atos 5:34-39).

Além disso, o apóstolo Paulo, que era um fariseu antes de sua conversão, continuou a ter um papel importante na pregação do evangelho aos judeus e gentios (Atos 9:20-22).

Qual era a relação dos fariseus com a Lei de Moisés?

Os fariseus tinham um grande compromisso com a Lei de Moisés, que eles interpretavam e aplicavam de forma estrita em sua vida cotidiana.

Os fariseus acreditavam que a Lei era a palavra de Deus e, por isso, deveria ser obedecida sem questionamentos. Além disso, eles acreditavam que a interpretação e aplicação da Lei deveriam ser feitas à luz da tradição oral, que havia sido transmitida de geração em geração desde Moisés.

Em Marcos 7:1-13, os fariseus criticam Jesus e seus discípulos por não lavarem as mãos antes de comer, uma prática que eles consideravam essencial para manter a pureza ritual. Jesus, por sua vez, os repreende por colocarem a tradição oral acima da Palavra de Deus e por negligenciarem os mandamentos de Deus em favor de suas próprias tradições.

Os fariseus também eram conhecidos por sua observância rigorosa do sábado, um dos mandamentos mais importantes da Lei. Em Lucas 6:1-11, eles criticam Jesus por permitir que seus discípulos colham espigas de trigo no sábado, uma atividade que eles consideravam como trabalho. Jesus responde que o sábado foi feito para o benefício do homem e que Ele é Senhor do sábado.

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Apesar de seu compromisso com a Lei de Moisés, os fariseus também eram conhecidos por sua hipocrisia e orgulho em relação a ela. Em Mateus 23, Jesus os repreende por sua hipocrisia, chamando-os de “guias cegos”, “sepulcros caiados” e “serpentes, raça de víboras”. Ele os acusa de negligenciarem os mandamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade, enquanto se preocupavam apenas com a aparência externa de sua religiosidade.

Qual foi o fim dos Fariseus ?

Após a destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C., os fariseus se tornaram a principal expressão do judaísmo. No entanto, o movimento farisaico também passou por mudanças e desafios em sua trajetória histórica.

Com a destruição do Templo, muitos fariseus se dispersaram pelo mundo e se concentraram em preservar sua tradição e crenças religiosas. Eles continuaram a ensinar a Lei de Moisés e a tradição oral, e desenvolveram uma estrutura organizacional que permitiu a continuidade de suas práticas religiosas.

Alguns fariseus se juntaram a outros movimentos judaicos que surgiram após a destruição do Templo, como os rabinos e os sábios, que ajudaram a moldar o judaísmo rabínico. Outros, no entanto, foram absorvidos por outros grupos religiosos, como o cristianismo ou o islamismo.

Os fariseus são responsáveis por preservar e transmitir muitas das tradições e práticas que ainda são seguidas pelos judeus ortodoxos e conservadores, tornando a influência dos fariseus ainda presente no judaísmo até os dias atuais. A interpretação farisaica da Lei de Moisés é também uma importante referência para o estudo e compreensão do Antigo Testamento pelos estudiosos e teólogos.

10 Curiosidades sobre os Fariseus

  1. Os fariseus eram um dos três principais grupos religiosos do judaísmo na época de Jesus, ao lado dos saduceus e dos essênios.
  2. O termo “fariseu” vem do hebraico “parushim”, que significa “separados” ou “aqueles que separam”.
  3. Os fariseus eram conhecidos por sua observância rigorosa da Lei de Moisés e da tradição oral que a acompanhava.
  4. Eles acreditavam na existência dos anjos, espíritos e na ressurreição dos mortos, enquanto os saduceus não acreditavam nessas coisas.
  5. O apóstolo Paulo era um fariseu antes de se converter ao cristianismo e se tornar um dos líderes da igreja primitiva.
  6. Nicodemos, mencionado no evangelho de João, era um fariseu que buscou Jesus à noite para aprender mais sobre sua mensagem.
  7. Os fariseus eram conhecidos por seu orgulho e hipocrisia em relação à Lei, o que levou Jesus a repreendê-los em várias ocasiões.
  8. Embora os evangelhos retratem os fariseus de forma negativa, é possível observar que alguns deles demonstraram respeito e admiração por Jesus e suas obras.
  9. Os fariseus foram um dos grupos religiosos que contribuíram para a preservação e transmissão das Escrituras judaicas.
  10. Após a destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C., os fariseus se tornaram a principal expressão do judaísmo e sua interpretação da Lei de Moisés influenciou o desenvolvimento do judaísmo rabínico.

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