HomePerguntas e RespostasA igreja Irá passar pela grande tribulação?

A igreja Irá passar pela grande tribulação?

A questão de se a Igreja passará pela Grande Tribulação é um tópico altamente debatido em círculos teológicos e é abordado em diferentes tradições cristãs de várias maneiras. Em uma exegese, é importante começar por definir alguns termos e conceitos.

Estudo Pela Exegese

Definições:

  • Igreja: A assembleia universal de crentes em Jesus Cristo.
  • Grande Tribulação: Um período futuro de sofrimento e julgamento descrito principalmente no livro do Apocalipse e outros textos proféticos da Bíblia.

Principais Versículos:

  • Mateus 24:21: “Porque haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco jamais haverá.”
  • Apocalipse 7:14: “E eu lhe disse: Senhor, tu sabes. E ele me disse: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”
  • 1 Tessalonicenses 4:17: “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor.”

Principais Visões:

Existem várias visões sobre o papel da Igreja na Grande Tribulação:

  1. Pré-Tribulacionismo: Acredita que a Igreja será arrebatada antes da Grande Tribulação. Proponentes frequentemente citam versículos como 1 Tessalonicenses 4:16-17 e afirmam que Deus não designou a Igreja para sofrer ira (1 Tessalonicenses 5:9).
  2. Meso-Tribulacionismo: Afirma que a Igreja passará pela primeira metade da Tribulação, mas será arrebatada antes dos julgamentos mais severos.
  3. Pós-Tribulacionismo: Sustenta que a Igreja passará pela Grande Tribulação inteira. Argumenta que passagens como Mateus 24:29-31 e Marcos 13:24-27 mostram que o arrebatamento ocorrerá após a Tribulação.

Exegese:

  1. Contexto Histórico-Cultural: É importante notar que o contexto do Apocalipse e outros textos proféticos era um de perseguição e sofrimento para os primeiros cristãos. A linguagem apocalíptica visava oferecer esperança e não necessariamente fornecer um cronograma de eventos futuros.
  2. Análise Literária: O gênero apocalíptico é altamente simbólico e metafórico. Isso torna a interpretação literal problemática em muitos casos.
  3. Coerência Teológica: Deve-se também levar em conta a natureza e caráter de Deus conforme revelado em toda a Escritura. Isso pode incluir o fato de que o sofrimento e a perseguição não são estranhos à experiência cristã (Romanos 5:3-5; 1 Pedro 4:12-19)

Estudo Pela Hermenêutica

O estudo hermenêutico da questão sobre se a Igreja passará pela Grande Tribulação envolve uma série de abordagens metodológicas e interpretativas. A hermenêutica é a arte e a ciência da interpretação, especialmente dos textos sagrados. Abaixo estão alguns passos e métodos hermenêuticos que podem ser aplicados para tratar desta questão complexa.

Etapas da Hermenêutica

  1. Examinação do Texto
    • Ler as passagens relacionadas (Mateus 24, Marcos 13, Apocalipse 6-19, entre outros) em seus contextos imediatos.
  2. Análise Gramatical
    • Estudar as palavras-chave, como “tribulação”, “arrebatamento”, e “Igreja”, em seus contextos originais de língua (grego, hebraico).
  3. Contexto Histórico
    • Compreender o ambiente histórico e cultural em que os textos foram escritos.
  4. Contexto Literário
    • Considerar o gênero literário (apocalíptico, profético, epistolar) para evitar interpretações errôneas.
  5. Coerência Teológica
    • Assegurar que a interpretação está em harmonia com o restante da Escritura e da teologia cristã.
  6. Aplicação Prática
    • Refletir sobre o que a interpretação significa para a Igreja hoje.

Principais Visões Hermenêuticas

  1. Literalista
    • Tende a favorecer uma visão pré-tribulacionista ou meso-tribulacionista. Argumenta que as promessas de livramento e proteção divina devem ser tomadas literalmente.
  2. Simbolista ou Idealista
    • Enxerga a linguagem apocalíptica como predominantemente simbólica. Pode favorecer uma interpretação amilenista ou pós-milenista e é menos propensa a separar a experiência da Igreja da Grande Tribulação.
  3. Histórico-Redentiva
    • Enfatiza o plano redentivo de Deus ao longo da história, incluindo o papel da Igreja e de Israel. Pode ser mais flexível quanto ao tempo e à natureza da Grande Tribulação.

Conclusão

A abordagem hermenêutica adotada afetará grandemente a interpretação de se a Igreja passará pela Grande Tribulação. Não há consenso universal sobre este assunto, o que sugere a necessidade de humildade e abertura para diálogo.

Cada cristão, teólogo ou estudioso pode chegar a diferentes conclusões com base em sua abordagem hermenêutica. É essencial, no entanto, que a interpretação seja feita de maneira rigorosa, sistemática e em comunhão com a tradição e os ensinamentos gerais da Igreja.

O que a Escatologia diz sobre o assunto?

A escatologia é o estudo teológico das últimas coisas, abordando temas como a segunda vinda de Cristo, o julgamento final, a ressurreição dos mortos e o destino eterno da humanidade. A escatologia também se ocupa da questão da Grande Tribulação e do papel da Igreja neste contexto. Abaixo estão alguns dos principais pontos de vista escatológicos que tocam no assunto:

Visões Escatológicas Populares

  1. Dispensacionalismo Pré-Milenista: Esta visão mantém que a Igreja será arrebatada antes do início da Grande Tribulação. Segue-se um período de sete anos de tribulação, durante o qual o Anticristo surgirá. Este ponto de vista é geralmente associado com uma interpretação literal da profecia bíblica e é popular em algumas tradições evangélicas.
  2. Milenismo Histórico ou Pós-Milenista: Estas perspectivas tendem a ver a Igreja como passando por um período de tribulação antes da segunda vinda de Cristo, mas a natureza dessa tribulação pode variar. No pós-milenismo, acredita-se que o mundo melhorará através da influência do Evangelho antes da segunda vinda.
  3. Amilenismo: Nesta visão, o “milênio” é entendido simbolicamente e estamos atualmente nele. A Igreja enfrentará sofrimento e perseguição, que podem ser entendidos como formas de tribulação, até a segunda vinda de Cristo.
  4. Preterismo: Este ponto de vista entende que muitas das profecias do Novo Testamento sobre a tribulação foram cumpridas no primeiro século d.C., particularmente na destruição de Jerusalém no ano 70. Assim, a Igreja não estaria aguardando uma futura Grande Tribulação.

Considerações Teológicas

  • Natureza da Igreja: Algumas tradições entendem a Igreja como um “novo Israel”, herdeira das promessas e também dos sofrimentos. Outras mantêm uma distinção mais nítida entre Israel e a Igreja, o que pode afetar sua visão sobre quem exatamente enfrentará a Grande Tribulação.
  • Caráter de Deus: Questões sobre a justiça, misericórdia e soberania de Deus podem entrar em jogo. Por exemplo, a ideia de que Deus arrebataria a Igreja para evitar o sofrimento pode ser vista como congruente com a sua misericórdia.
  • Testemunho da Igreja: Algumas visões escatológicas veem a presença da Igreja durante a tribulação como um testemunho final e definitivo a um mundo caído.

Conclusão

A escatologia oferece várias lentes através das quais a questão da Grande Tribulação e o papel da Igreja podem ser examinados. Não há um consenso claro, e a visão que se tem sobre a escatologia frequentemente depende de tradições teológicas específicas, métodos hermenêuticos e outras considerações teológicas. Portanto, é um campo rico para estudo, reflexão e, claro, para a esperança cristã no cumprimento final dos propósitos redentores de Deus.

Entendimento Pessoal

Entendo que a questão da Grande Tribulação e o papel da Igreja é um tópico altamente complexo e debatido. No entanto, após estudo e reflexão cuidadosos, cheguei à conclusão de que a Igreja não passará pela Grande Tribulação. Em vez disso, os membros da Igreja serão arrebatados antes deste período de sofrimento e julgamento sem precedentes, e apenas aqueles que “ficarem para trás” da comunidade de fé experimentarão a Tribulação.

Na minha leitura das Escrituras, versículos como 1 Tessalonicenses 4:16-17 e 5:9 são convincentes em sugerir um arrebatamento pré-tribulacional da Igreja. Em 1 Tessalonicenses 5:9, Paulo afirma que Deus “não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo”. Isso me leva a crer que a Igreja não está destinada a sofrer a “ira” divina que caracterizará a Grande Tribulação.

Acredito que esta visão está em harmonia com o caráter e os atributos de Deus. Ele é um Deus de amor e misericórdia, e embora não possa ser negado que os cristãos enfrentem perseguições e sofrimentos neste mundo, a escala de sofrimento durante a Grande Tribulação seria algo completamente diferente.

No entanto, isso não significa que todos os que se identificam como parte da Igreja serão poupados. Acredito que apenas aqueles que têm um relacionamento autêntico e vivo com Jesus Cristo serão arrebatados antes da Tribulação. Os que “ficarem para trás” serão aqueles que talvez se identifiquem culturalmente ou nominalmente como cristãos, mas que não têm uma fé verdadeira e salvadora.

Em última análise, minha visão coloca uma forte ênfase na urgência da mensagem do Evangelho. Se a Grande Tribulação é um período de sofrimento e julgamento divino iminente, então a necessidade de arrependimento e fé em Jesus Cristo nunca foi tão crítica. É uma chamada para a Igreja ser fiel em sua missão de evangelização, para que tantos quanto possível possam ser poupados da terrível provação que está por vir.

 

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