Os Gibeonitas eram habitantes de Gibeão, uma cidade-estado significativa na região da Canaã. Eles desempenham um papel notável no Livro de Josué, na Bíblia Hebraica (ou Antigo Testamento).
Contexto Bíblico:
Quando os israelitas, sob a liderança de Josué, entraram na Terra Prometida (Canaã), estavam em uma campanha para conquistar e estabelecer-se na região. As notícias sobre as vitórias israelitas, como a queda de Jericó e Ai, se espalharam, fazendo com que as nações vizinhas temessem o avanço de Israel.
Os Gibeonitas, prevendo a ameaça que os israelitas representavam, adotaram uma estratégia astuta para garantir sua sobrevivência. Em vez de enfrentar Israel em batalha, eles optaram por uma abordagem de engano.
Estratégia de Engano:
Os Gibeonitas enviaram uma delegação a Josué e aos israelitas em Gilgal. Eles se disfarçaram como se fossem de uma terra distante, usando roupas desgastadas e levando provisões que pareciam antigas e desgastadas, como pão seco e odres de vinho rachados. Eles então solicitaram um tratado de paz com os israelitas.
Josué e os líderes israelitas foram enganados pela aparência e pelas palavras dos Gibeonitas e, sem buscar o conselho de Deus, fizeram um tratado de paz com eles. No entanto, apenas alguns dias depois, os israelitas descobriram que os Gibeonitas eram, na verdade, seus vizinhos e que haviam sido enganados.
Resultado:
Embora os líderes israelitas estivessem descontentes por terem sido enganados, eles mantiveram sua palavra e honraram o tratado. Os Gibeonitas tornaram-se servos dos israelitas, especificamente “rachadores de lenha e carregadores de água” para o santuário.
Mais tarde, quando Gibeão foi ameaçada por uma coalizão de reis cananeus devido ao seu tratado com Israel, Josué e os israelitas defenderam a cidade e derrotaram seus inimigos, cumprindo sua promessa de proteção.
A narrativa dos Gibeonitas ilustra temas de engano, integridade e a importância de buscar a direção de Deus em decisões cruciais. Eles também permanecem como um testemunho da complexidade das interações geopolíticas na antiguidade.
Como os Gibeonitas enganaram Josué e os líderes israelitas?
Os Gibeonitas utilizaram uma estratégia astuta para enganar Josué e os líderes israelitas. Ao perceberem a ameaça que os israelitas representavam para as cidades da Canaã após as vitórias em Jericó e Ai, os Gibeonitas decidiram garantir sua sobrevivência através do engano, em vez de enfrentar os israelitas em batalha.
Eis como os Gibeonitas enganaram Josué e os líderes israelitas:
- Disfarce de Viajantes Distantes: Os Gibeonitas se disfarçaram como se fossem embaixadores de uma terra distante. Vestiram-se com roupas velhas e desgastadas, calçando sandálias rasgadas e remendadas.
- Provisões Desgastadas: Para reforçar sua história, eles levaram consigo odres de vinho velhos e rachados e pão seco e mofado. Isso era para mostrar que haviam viajado por uma longa distância e que sua jornada havia sido longa e árdua.
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- História Fabricada: Quando chegaram ao acampamento israelita em Gilgal, apresentaram sua história fabricada, dizendo a Josué e aos líderes israelitas que vinham de um país distante. Eles falaram sobre como ouviram falar das façanhas de Israel e do Deus de Israel e, por isso, queriam fazer um tratado de paz.
- Pedido de Tratado: Baseando-se em sua história fabricada, solicitaram um tratado de paz com os israelitas. Eles queriam ser aliados e viver em paz com Israel.
- Falta de Consulta a Deus: Um dos erros dos israelitas foi não consultar o Senhor antes de fazer o tratado. Se tivessem buscado a direção divina, poderiam ter percebido o engano.
Ao descobrirem o engano alguns dias depois, quando souberam que os Gibeonitas eram, na verdade, seus vizinhos e não viajantes de uma terra distante, Josué e os líderes israelitas decidiram honrar o tratado, mesmo que tivesse sido feito sob pretensões falsas. Como resultado, os Gibeonitas tornaram-se servos dos israelitas.
A estratégia dos Gibeonitas e a resposta dos israelitas fornecem uma perspectiva sobre a importância da sabedoria, discernimento e consulta a Deus em decisões importantes.
Quais cidades eram associadas aos Gibeonitas?
As cidades associadas aos Gibeonitas são mencionadas no Livro de Josué. De acordo com Josué 9:17, as cidades associadas aos Gibeonitas eram:
- Gibeão (Gibeon): A principal e mais significativa cidade entre as associadas aos Gibeonitas.
- Cefira (Chephirah)
- Beerote (Beeroth)
- Quiriate-Jearim (Kiriath Jearim)
Estas cidades, juntamente com Gibeão, uniram-se na estratégia de engano para fazer um tratado de paz com os israelitas. Como resultado, embora não fossem destruídas pelos israelitas, seus habitantes tornaram-se servos, especificamente “rachadores de lenha e carregadores de água” para o santuário e para a comunidade israelita.
Estas cidades e seus habitantes desempenham um papel crucial na narrativa do Livro de Josué, ilustrando temas de engano, diplomacia, e as consequências de não consultar a Deus em decisões vitais.
Qual foi o destino dos Gibeonitas?
O destino dos Gibeonitas é uma história de sobrevivência, serviço e eventual retribuição, que se desenrola em várias partes da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento). Aqui está uma visão geral do destino dos Gibeonitas após seu tratado com os israelitas:
- Tratado com Israel: Como mencionado anteriormente, após enganar Josué e os líderes israelitas, os Gibeonitas fizeram um tratado de paz. Embora o tratado tenha sido feito sob pretensões falsas, os israelitas decidiram honrá-lo para manter sua palavra.
- Servos dos Israelitas: Devido ao tratado, os Gibeonitas tornaram-se servos dos israelitas. Eles foram designados para serem “rachadores de lenha e carregadores de água” para o santuário e para a comunidade israelita (Josué 9:27).
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- Defesa por Israel: Quando os Gibeonitas foram ameaçados por uma coalizão de reis cananeus devido ao seu tratado com Israel, Josué e os israelitas defenderam os Gibeonitas e derrotaram essa coalizão (Josué 10).
- Violação do Tratado por Saul: Durante o reinado do rei Saul, houve uma tentativa de exterminar os Gibeonitas, violando o tratado feito anteriormente (2 Samuel 21:1-2). Esta ação foi vista como uma quebra da promessa de Israel e trouxe consequências.
- Fome em Israel: A Bíblia relata uma fome de três anos durante o reinado do rei Davi, que foi interpretada como um julgamento divino pelo derramamento de sangue dos Gibeonitas por Saul. Para expiar essa culpa, Davi perguntou aos Gibeonitas o que deveria ser feito. Eles pediram a execução de sete descendentes de Saul. Davi acedeu ao pedido, entregando sete membros da família de Saul, poupando apenas Mefibosete, filho de Jônatas, devido à sua aliança com ele (2 Samuel 21:3-14).
- Presença Contínua: Apesar desses eventos tumultuados, os Gibeonitas continuaram a existir entre os israelitas. Eles não são frequentemente mencionados nas escrituras subsequentes, mas sua presença é ocasionalmente notada.
O destino dos Gibeonitas destaca a complexidade das relações e alianças na antiguidade, a importância da integridade e palavra dada, e as consequências de quebrar promessas e tratados. A história também enfatiza a importância da justiça divina e da reparação quando os acordos são quebrados.
Gibeonitas e Saul
A relação entre os Gibeonitas e Saul é uma parte importante e sombria da história bíblica, destacada no livro de 2 Samuel.
Violação do Tratado por Saul:
Saul, em seu zelo pelo povo de Israel e Judá, tentou exterminar os Gibeonitas. Este ato violou o tratado que os líderes israelitas, sob Josué, haviam feito com os Gibeonitas séculos antes (2 Samuel 21:1-2). O motivo exato de Saul para esta tentativa de exterminação não é explicitamente declarado na Bíblia, mas é descrito como uma ação para “atingi-los em seu zelo por Israel e Judá”.
Fome e Reparação:
Durante o reinado do rei Davi, uma fome severa durou três anos consecutivos. Davi buscou o Senhor para entender a razão por trás da fome, e o Senhor revelou que era por causa do sangue derramado dos Gibeonitas pelas mãos de Saul e sua casa (2 Samuel 21:1).
Davi então se aproximou dos Gibeonitas para descobrir como fazer reparação. Em resposta, os Gibeonitas não pediram riqueza nem a morte de qualquer pessoa em Israel. Em vez disso, pediram que sete homens da linhagem de Saul fossem entregues a eles para serem enforcados, a fim de vingar as mortes de seus próprios povo.
Davi concordou com o pedido, entregando sete descendentes de Saul. Ele poupou Mefibosete, filho de Jônatas e neto de Saul, devido à aliança que havia feito com Jônatas. Os sete homens entregues foram então enforcados pelos Gibeonitas, e o corpo de Saul e seus filhos (anteriormente pendurados pelos filisteus) foram enterrados de maneira honrosa por Davi (2 Samuel 21:3-14).
Reflexão:
A interação entre os Gibeonitas e Saul (e posteriormente Davi) reflete o peso e a seriedade dos tratados e acordos na cultura antiga. A violação de um acordo poderia trazer consequências severas, não apenas para o indivíduo responsável, mas para toda a nação ou comunidade. Também mostra a crença na justiça divina e a ideia de que as ações erradas requerem reparação para apaziguar a ira divina e restaurar o equilíbrio.
Qual é a lição que podemos aprender com a história dos gibeonitas?
A história dos Gibeonitas no contexto bíblico oferece várias lições valiosas para reflexão. Abordando em um estilo acadêmico e teológico, considerando o perfil de interesse em teologia e religião, as seguintes lições podem ser extraídas:
- Importância da Consulta Divina: Uma das falhas mais notáveis dos israelitas na história dos Gibeonitas foi não consultar Deus antes de fazer um tratado com eles (Josué 9:14). Este incidente enfatiza a importância de buscar orientação divina, especialmente em decisões críticas.
- Consequências do Engano: Embora os Gibeonitas tenham sido bem-sucedidos em sua tática de engano para garantir um tratado de paz, eles se tornaram servos dos israelitas. Isto destaca que, mesmo que o engano possa trazer um ganho temporário, muitas vezes vem com consequências a longo prazo.
- Integridade e Honrar Compromissos: Apesar de terem sido enganados, os líderes israelitas optaram por honrar o tratado que fizeram com os Gibeonitas, mostrando a importância da integridade e de cumprir a palavra dada.
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- As Consequências dos Atos dos Líderes: A tentativa de Saul de exterminar os Gibeonitas trouxe consequências não apenas para sua própria linhagem, mas para toda a nação de Israel, na forma de uma fome divinamente ordenada. Isto destaca a responsabilidade e o peso que os líderes carregam por suas ações e as repercussões que podem ocorrer para toda a comunidade.
- Justiça e Reparação: A resposta de Davi à fome, buscando reparação e justiça para os Gibeonitas, sublinha a crença bíblica na justiça restaurativa e a necessidade de reparação quando um mal foi cometido.
- Complexidade das Relações Humanas: A narrativa dos Gibeonitas demonstra que as relações humanas, sejam elas entre indivíduos ou nações, são complexas e multifacetadas. Nossas ações e decisões têm ramificações que muitas vezes se estendem além do que podemos ver inicialmente.
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- O Poder das Alianças: A história destaca a seriedade com que as alianças (ou tratados) eram tratadas na antiguidade. Uma vez feito um acordo, esperava-se que ambos os lados o honrassem, independentemente das circunstâncias em que foi feito.
Em resumo, a história dos Gibeonitas serve como um lembrete sobre a importância da sabedoria, da integridade, da responsabilidade dos líderes, e da necessidade de justiça e reparação. Também enfatiza a complexidade das interações humanas e a importância da consulta divina.